A IMPORTÂNCIA DE
ESTAR DE ACORDO
(1981)
De Bertold Brecht
Direção: Isnard Azevedo
Elenco:
Ademir Rosa
Piero Falci
Jane Goeth
Lílian Dell’Antônio
Foi o espetáculo que marcou o inicio das atividades do Grupo.
A Importância de Estar de Acordo ou A Peça Didática de Baden-Baden foi escrita por Bertold Brecht em 1929 e colocou em primeiro plano a reflexão sobre o significado social do progresso técnico e cientifico, assim como as bases sociais do ser em desenvolvimento.
Brecht enfoca o progresso tecnológico e ao mesmo tempo revela o lado perigoso deste para o desenvolvimento humano, principalmente quando os benefícios não são repartidos entre todos e apenas alguns recebem os louros da conquista, enquanto outros ficam à margem.
A peça conta a história de um aviador e três mecânicos que, ao tentarem atravessar o Oceano Atlântico sofrem um acidente e caem.
Apresenta assim um estudo objetivo sobre a responsabilidade do homem na sociedade e defende a necessidade da transformação dialética em suas últimas conseqüências.Para a representação deste espetáculo o grupo optou por um espaço alternativo, o Museu de Arte de Santa Catarina, que na época situava-se no prédio da Antiga Alfândega, possibilitando, pelas suas características físicas, a montagem em Arena, permitindo explorar a proximidade público/ator, além de garantir uma temporada maior do espetáculo em cartaz, que era desejada pelo grupo e que seria inviável em espaços convencionais da cidade.
A montagem foi tema de estudo da pesquisadora Olivia Camboim Romano, que resultou na publicação do livro Uma Arena no Museu Reflões Sobre a Primeira Montagem de Brecht, em 2010. O livro contextualiza e examina os detalhes da primeira encenação de um texto de Bertold Brecht em Santa Catarina, em 1981, realizada pelo grupo teatral "O Dromedário Loquaz". O espetáculo apresentado foi "A importância de estar de acordo", e contou com a direção de Isnard Azevedo, com a atuação de Ademir Rosa. O livro busca contribuir para a ampliação do conhecimento sobre a história do teatro catarinense.
Troféu Bastidores 1981 - Melhores do Teatro Florianopolitano
Prêmio Grupo Revelação
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO CÊNICO
Para a apresentação deste espetáculo, a direção optou por um espaço alternativo, o salão de exposições do Museu de Arte de Santa Catarina, um prédio histórico onde funcionava a antiga Alfândega do Estado.
O espetáculo foi construído a partir de uma estrutura axial, fixando dois extremos onde em cada um, se localizavam uma cadeira, um cavalete de madeira, sobre este afixado um painel de tecido onde se lia “O HOMEM NÃO AJUDA O HOMEM” e, no outro, “A IMPORTÂNCIA DE ESTAR DE ACORDO”; apoiados nos cavaletes, dois bonecos executados com tecido branco caracterizados como aviador e mecânico ( personagens).
Para limitação do espaço, foi utilizado um material base: jornal, como suporte conceitual para a proposta cênica, ora em longas tiras sobre o espaço de representação, ora recobrindo as paredes e painéis que se localizavam inclusive por trás do público, que desta forma se sentia envolvido por tal signo.
A distribuição do público dava-se em duas filas de cadeiras no lado direito e três no lado esquerdo, constituindo o chamado Espaço AXIAL de representação e estabelecendo uma relação física direta com a encenação.
Os demais efeitos considerados necessários como reforço ao texto ou a um desenho cênico eram executados pelos próprios atores manipulando lanternas. Os recursos técnicos auxiliares foram mínimos, sendo utilizado apenas um foco simples de 40 watts sobre cada um dos cavaletes.
(Texto de Isnard Azevedo em trabalho acadêmico para a disciplina As Concepções do Espaço Cênico, do professor Clovis Garcia – Escola de Comunicação e Arte – ECA, 1990)